Sarampo

Sarampo
O sarampo, uma das afecções clássicas da infância, é uma doença aguda e autolimitada, contagio-infecciosa, exantemática, endemo-epidêmica, de etiologia virótica e alta transmissibilidade. Possui distribuição global, acometendo indiscriminadamente ambos os sexos, sem distinção de raça, clima ou nível social. Nos países subdesenvolvidos, apesar da introdução da vacina, a doença constituía importante causa de hospitalização, morbidade e letalidade na infância. A taxa de mortalidade está diretamente ligada aos padrões de higiene, nutrição e desenvolvimento socioeconômico dos indivíduos.
O grande desafio mundial para conseguir eliminar essa moléstia é a incapacidade de imunizar toda a população no adequado tempo. Por isso, a parcela da população em que os indivíduos são susceptíveis ao vírus pode resultar na transmissão dessa doença e ocasionar um surto regional.
Assim sendo, nos foi atribuido um trabalho de pesqisa, no qual devemos investigar sobre as Implicações Do Sarampo Na Saúde Infantil.
O mesmo foi desenvolvido no bairro de Boquisso, do dia 05 a 15 de Junho do corrente ano.
A população de Boquisso em 2017, conforme o censo foi de 20.000 habitantes. Dessa população, 46,6% são crianças e adolescentes com menos de 15 anos de idade. As mulheres representam um total de 51,7% da população e 41,2% dessas mulheres estão em idade fértil.
O sarampo continua sendo um problema de saúde enfrentado pela população infantil no Bairro de Boquisso. Os dados da incidência fornecidos pelo Centro de Saúde de Boquisso, sob responsabilidade do Serviço de Epidemiologia, demostra a existência de muitos indivíduos susceptíveis. Apesar de não dispor de dados de mortalidade por sarampo, é comum a ocorrência de mortes por complicações do sarampo nas crianças, e casos da infeção pelo sarampo em menores de seis meses. Os dados não estão disponíveis devido à grande deficiência do sistema de notificação e ausência de registro de estatística vital.
Todos esses fatores, associados à baixa cobertura vacinal, contribuíram para que não houvesse um declínio tão acentuado da incidência do sarampo, como ocorreu em outros bairros em desenvolvimento.


Justificativa
Uma epidemia de sarampo em bairros que já alcançaram a eliminação pode trazer impacto aos territórios acometidos, resultando em maiores custos para a contenção do vírus. Sempre será mais dispendioso conter a disseminação do vírus do que prevenir a ocorrência de casos secundários a uma importação. O período pós-eliminação traz desafios no que tange à manutenção de altas coberturas vacinais de rotina e vigilância epidemiológica sensível. Nesse sentido, uma epidemia de grandes proporções, como foi a que acomteu o bairro Boquisso no ano de 2010, necessita de estudos mais aprofundados a fim de entender como se deu a ocorrência, o acometimento, a dinâmica de transmissão do vírus em territórios que já alcaçaram a eliminação, considerando a dispersão de suscetíveis na comunidade que possui altas coberturas vacinais administrativas.
Toda essa complexidade deve ser conhecida, pois ameaças de reintrodução do vírus somente findarão no momento em que houver a erradicação da doença em nível nacional.
Este estudo descreve e analisa a epidemia de sarampo que ocorre em Boquisso neste presente ano, após 7 anos sem ocorrência autóctone da doença, bem como propõe uma ferramenta para apoiar a vigilância epidemiológica na estimativa e mensuração do risco de importação do vírus do sarampo considerando todo o novo contexto e desafios do período pós-eliminação.



Problematização
Os programas de vacinação infantil enfrentam inúmeros desafios. O número de doenças evitáveis por meio da vacinação sistemática aumenta à medida que a biotecnologia aplica as descobertas científicas sobre as vacinas em benefício das crianças. Quanto mais poderosa é a vacinação, e quanto maior é o seu alcance, mais complexa é a prestação de serviços e mais elevados são seus custos. Até este momento, o aumento no número de vacinações não acarretou um aumento proporcional no número de consultas preventivas com profissionais de atenção primária à saúde. Entretanto, o custo das vacinas e a carga financeira para as famílias e a sociedade vêm aumentando rapidamente.
Nosso país tem o grave problema de apresentar incidência elevada de doenças preveníveis, dentre as quais avulta o sarampo.
Em nosso meio é doença de extrema gravidade, podendo acarretar graves complicações e seqüelas.
Citam-se como complicações do sarampo: broncopneumonia, encefalite, diarréia, laringotraqueobronquite, etc, podendo inclusive levar à óbito1 1.
As complicações neurológicas, temporárias ou permanentes, podem ser incapacitantes.
Este trabalho se deterá nas seqüelas neurológicas.
A questão é a seguinte: como é possível, numa região com uma boa cobertura a nível de medicamentos e vacinas ter um elevado índice de Sarampo?



Objectivos
Objectivo Geral
Conhecer as implicações do sarampo na saúde infantil, destacando as características do acometimento, enfrentamento, resposta coordenada, utilizando-se da experiência vivenciada em Boquisso para desenvolver ferramenta preditiva de ocorrência de novas epidemias.
Objectivos específicos
Descrever dinâmica de transmissão viral durante a epidemia;
Fazer uma avaliação sobre o processo de vacinação no bairro Boquisso;
Optimizar a proteção das crianças contra as doenças que podem ser evitadas por vacinas;



Questões de pesquisa
Quando uma vacina é autorizada para aplicação de rotina em crianças, há diversas questões cruciais para a pesquisa e para a avaliação que podem ser agrupadas nas seguintes categorias:
1) recomendações técnicas;
2) segurança da vacina;
3) planejamento baseado na população; e
4) a avaliação de programas.



Hipóteses
As recomendações técnicas passam a ter caráter de “prescrição” de saúde pública baseada na população, incluindo no calendário de administração de vacinas a população infantil, os grupos etários e outras populações visadas. Essa área de pesquisa fundamenta decisões de políticas de vacinação com implicações importantes para aqueles que adquirem proteção contra doenças específicas que podem ser evitadas pelas vacinas. A vacina contra a gripe, pro exemplo, destina-se tradicionalmente a pessoas idosas com saúde delicada, tendo em vista os altos riscos de mortalidade e morbidade associados a essa doença. Entretanto, a epidemiologia da gripe sugere que a vacinação das crianças pode constituir um auxiliar efetivo para essa estratégia, protegendo-as diretamente e, ao mesmo tempo, protegendo indiretamente os adultos vulneráveis, graças à interrupção da transmissão da doença.
A pesquisa sobre a segurança das vacinas é importante porque o público deve ter certeza de que as vacinas utilizadas como rotina oferecem a maior segurança possível. Antes de ser homologada, cada vacina passa por inúmeros testes a fim de verificar sua segurança e sua eficácia. Entretanto, experimentos clínicos iniciais não são suficientes para detectar efeitos adversos raros. Consequentemente, é preciso manter um monitoramento contínuo de possíveis efeitos adversos antes de utilizar uma vacina em programas de rotina. Determinar a possível associação de uma vacina a um efeito adverso específico e se tal associação é de natureza causal constituem algumas das questões típicas de pesquisa.
Por melhores que sejam as vacinas e as recomendações de vacinação somente atingirão seu nível máximo de efetividade se houver altas taxas de participação por parte da população. Há diversas intervenções de caráter empírico que procuram melhorar o nível de cobertura das vacinas em meio a crianças, adolescente e adulto.
Embora tecnicamente não faça parte da pesquisa, a avaliação de programas é uma atividade essencial que utiliza métodos científicos para responder a questões específicas. As questões de avaliação mais importantes incluem: 1) Qual é o nível de cobertura da vacina na população, segundo os critérios de idade e localização geográfica? 2) As vacinas são corretamente manuseadas e administradas? 3) As estratégias adotadas são efetivas para aumentar e manter as taxas de cobertura da vacina? 4) As recomendações atuais sobre a vacinação são as mais adequadas?
A introdução de novas vacinas acarreta outras questões de pesquisa, a maioria das quais se enquadra nas quatro categorias anteriores. Nos Estados Unidos, muitas das vacinas que podem ser homologadas ao longo dos dois ou três próximos anos provavelmente serão destinadas a adolescentes. Uma vez que a plataforma de vacinação de adolescentes não está suficientemente desenvolvida, será necessário desenvolver pesquisas para identificar tanto os locais adequados para a vacinação como as estratégias para atingir a população adolescente.
Metodologia do trabalho
A metodologia que será usada neste trabalho é a estudo do caso.
Métodos
Ø  Monográfico;
Ø  Experimentação;
Ø  Observação directa e indirecta.
Técnicas
Ø  Entrevista
Ø  Técnica bibliográfica



Resultados esperados
Até o fim deste trabalho, espera-se um maior entendimento sobre a doença, as suas causas, os sintomas, a diagnosticação, o tratamento e a possível prevenção da mesma.



Cronologia
No de ordem
Actividades
Alcance
Sim
Não
1º dia
Conhecer o bairro que será feito o estudo.


2º dia
Conhecer os chefes locais e interragir com eles acerca do assunto.


3º dia
Conhecer o Centro de Saúde do bairro e as escolas.


4º dia
Entrevistar os profissionais de saúde do Centro de Saúde de Boquisso.


5º dia
Colher os dados sobre a doença nos anos tranzatos no hospital, na escola e na comunidade.


6º dia
Analisar os dados colhidos.


7º dia
Fazer a experimentação.


8º dia
Elaboração de leis.


9º dia
Conclusão do trabalho.






Conhecendo o sarampo
Historia do sarampo
Na antiguidade, sarampo e varíola frequentemente eram confundidos entre si bem como com outras doenças exantemáticas. Grandes epidemias ocorreram desde 1800 anos atrás, no Império Romano e na China. O primeiro registro escrito do sarampo foi feito por Rhazes, um médico persa do século X. No entanto, Rhazes identificou sarampo como uma doença diferente da varíola e citou escritores, incluindo El Yahudi - médico hebraico famoso, que viveu 300 anos A.C.
Durante a Idade Média na Europa, a varíola e o sarampo continuaram a ser confundidos. No entanto, a partir do início do século XVII, a diferenciação entre as duas doenças parece relativamente clara; em 1629, relatório sobre a saúde da população de Londres distingue o sarampo da varíola como causa de mortes. Repetidas epidemias de sarampo foram descritas na literatura médica inglesa durante os séculos XVII e XVIII.
Agente etiológico
O vírus do sarampo faz parte do gênero Morbillivirus, da família Paramyxorividae, a qual compreende grande número de enfermidades infecciosas que a huminadade conhece há muito tempo.
Todos os membros da família compartilham as características de terem uma única molécula de RNA de cadeia simples e de polaridade negativa, ordem similar dos genes que codificam para proteínas análogas, estratégia semelhaante de replicação e transcrição génicas e processos similares de entrada do vírus nas células e de morfogênesis de partícula viral. Seu genoma apresenta característica particular desta família, denominada Regra de Seis. Esta denominação dá-se pelo fato de que o número total de nucleótidos nos genomas de várias estirpes de sarampo e de outros paramyxovírus, é sempre um múltiplo de 6. Durante a replicação do vírus, a nucleoproteína mantém-se assosciada à molécula de RNA e presume-se que cada molécula de N se associa a 6 nucleótidos de RNA. Desta forma, genomas que tenham um número diferente de um múltiplo de 6 têm uma replicação menos eficiente.
Cientistas isolaram o vírus do sarampo em 1938, porém, os métodos para a garantir o crescimento viral em cultura só foram conhecidos cerca de 10 anos depois. Em 1954, foram isolados vírus de oito pacientes na fase aguda e foram cultivadas em células renais humanas. Na mesma experiência, demonstraram a capacidade de proteção evidenciada pela neutralização do efeito citopatogênico viral ao aplicar soro de convalescentes em pacientes na fase aguda da doença.
Complicações
O sarampo é considerado uma doença branda a moderadamente grave. Na forma benigna, a recuperação clínica começa logo após o surgimento do exantema. Entretanto, aproximadamente 30% dos casos de sarampo desenvolvem uma ou mais complicações. O sarampo grave ocorre, particularmente, em crianças jovens, desnutridas, com dietas pobres em vitamina A e naquelas com imunodepressão. As complicações causadas pelo sarampo foram observadas em todos os órgãos e ocorrem devido à ruptura dos revestimentos epiteliais e à imunossupressão. O risco de complicações é mais elevado em crianças abaixo de 5 anos e adultos maiores de 20 anos e varia também em função do estado clínico do indivíduo. Os doentes com uma infeção pelo vírus HIV ou com determinados tipos de leucemia ou de linfoma apresentam uma maior probabilidade de desenvolver complicações graves do sarampo, mas podem não desenvolver a exantema cutâneo típico.
A otite média é a complicação mais freqüente e ocorre principalmente em crianças menores de 5 anos. A laringotraqueobronquite ou crupe viral acomete, especialmente, crianças abaixo de 2 anos. A pneumonia é a complicação mais grave e é responsável pela maioria dos óbitos associados com sarampo. Pode ser causada pelo vírus do sarampo propriamente dito, por infecções secundárias virais com adenovírus ou vírus herpes simplex e por infecções secundárias bacterianas.
A diarréia também constitui uma complicação grave com risco de desidratação. As convulsões febris são geralmente benignas e não deixam sequelas. As complicações oculares podem levar a cegueira. A encefalomielite pós-infecciosa ocorre em 1-3 por 1.000 indivíduos infectados e acomete, preferencialmente, adolescentes e adultos. Vinte e cinco por cento dos indivíduos atingidos vai a óbito e 33% dos sobreviventes têm sequelas permanentes.
A panencefalite esclerosante subaguda é causada pela persistência do vírus no sistema nervoso central com manifestação dos sintomas de 9 meses a 30 anos após a infecção aguda (média de 8 anos).
Tratamento
Não existe tratamento específico para o sarampo, mas as complicações graves podem ser evitadas se forem seguidas as recomendações da OMS, que consistem na administração de vitamina A em doses adequadas a cada idade, manutenção de uma ingestão de líquidos adequada, suporte nutricional adequado, hidratação oral e controle da hipertermia.
O cumprimento dos calendários vacinais com duas doses de vacina antissarampo combinadas com campanhas de vacinação em massa em regiões do mundo onde a incidência de doença e da mortalidade é elevada. São a chave da prevenção do sarampo e da redução da morbidade e a mortalidade que a doença causa. A vacina contra o sarampo já é utilizada há mais de 40 anos, é segura, barata e eficaz. Em 2010 cerca de 85% das crianças do mundo receberam uma dose de vacina contra o sarampo no seu primeiro ano de vida através dos diferentes serviços de saúde dos seus países. São recomendadas duas doses para garantir imunidade, pois 10% das crianças apresentam falhas de imunidade à primeira vacina. A vacina mostra-se, assim, como um método muito eficaz de garantir a prevenção da doença e contribuir para a sua eliminação.
Imunidade e susceptibilidade
Está cientificamente demonstrado que a “natureza” protege os recém-nascidos de uma série de doenças através da transferência de anticorpos maternos via placenta e aleitamento materno, garantindo-lhes proteção nos primeiros meses de vida. Este processo, já bem descrito e bastante estudado denomina-se imunidade passiva. Os anticorpos transferidos podem ser específicos para determinados agentes patogênicos e desaparecem à medida que o recém-nascido vai desenvolvendo o seu próprio sistema imunitário. Garantem proteção nos primeiros tempos de vida, até que o sistema imunológico esteja maduro o suficiente para que a criança 41

consiga produzir a própria defesa, ou até que seja induzida imunidade artificial. Normalmente, os lactentes de 5 meses de idade permanecerão imunes ao sarampo, durando essa imunidade cerca de 6 ou 7 meses de idade.
Prevenção e vacinas disponíveis
O sarampo é uma doença infecciosa importante, responsável por complicações graves ou mesmo a morte, mas evitável pela vacinação, como referido anteriormente. Cobertura vacinal elevada deve ser superior a 95%, é condição necessária para obter imunidade de grupo e permitir proteção a toda a população contra a doença. No entanto, essa garantia só poderá ser dada se a percentagem de cobertura vacinal for superior a 95% e resultar em proteção efetiva, de modo a que não existam intervalos de idades em que essa proteção não exista e, por conseguinte, deixe esses indivíduos suscetíveis à infeção e à doença.
Antes do aparecimento da vacina contra o sarampo a doença era considerada uma das piores e mais graves doenças da infância, responsável por inúmeras complicações, sequelas e mais de um milhão de mortes por ano em tudo o mundo. O isolamento do vírus, em 1954, deu início à investigação e desenvolvimento da primeira vacina que veio a ser licenciada nos EUA, em 1963. Era a primeira vacina viva atenuada contra o sarampo (Edmonston B Strain) da qual resultaram, mais tarde, outras formulações como a Schwartz Strain em 1965, e Moraten Strain em 1968 e mais tarde apareceram outras. Em nível internacional a formulação mais utilizada é a de Schwartz e a Edmonston B Strain.
A vacina induz imunidade humoral e celular, muito semelhante àquela que é produzida pela infeção natural produzida pelo vírus selvagem, embora o intervalo entre a vacinação e a produção de anticorpos seja maior que na resposta natural à doença do sarampo.



Referências Bibliográficas
Fontes primárias.
Ø  Arquivos sobre a doença nos últimos 10 anos ( do Centro de Saúde de Boquisso)
Fontes secundárias.
Ø  Tese Danielle Rocha-epidemia de sarampo


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