Danças e Jogos Tradicionais

Introdução
Neste presente trabalho abordar-se-á sobre danças e jogos tradicionais, a destacarem-se as danças Marrabenta e Tamadune, e jogos de matacuzana e de mata. No mesmo teremos a origem, as características, como proceder com o jogo ou a dança, quais instrumentos são necessários para a execução dos mesmos e por fim a sua importância para quem pratica, para a sociedade e para a nação.
Danças e Jogos Tradicionais
  1. Danças Tradicionais
  1. Breve Historial Da Dança Marrabenta

Dança Marrabenta, segundo muitas pesquisas feitas, esta dança nasceu e se desenvolveu em Lourenço Marques (hoje Maputo) nos anos 50. 
Durante a época colonial, os grupos de musica e dança tradicional só tinham a oportunidade de demonstrar as suas danças, seus instrumentos e as suas musicas e variantes das suas culturas nos desfiles carnavalescos que acontecia anualmente.
Segundo entrevistas realizadas a vários Músicos da época dos anos 50/60, relatam firmemente que num determinado momento de um desfile Carnavalesco que passava pela Av. De Angola junto ao Bairro da Mafalala, um determinado grupo folclórico vindo de Marracuene, apresentava um ritmo tradicional alegre, com uma melodia contagiante que acompanhava um determinado estilo de dança muito sensual o que fez com que o público aplaudisse de forma eufórica.
Nessa altura já existia o grupo musical Djambo,que actuavam na Associação dos Negros localizado no Chamanculo. Alguns elementos desse grupo estavam inseridos no público que assistia ao desfile. Acharam interessante o ritmo que atraia o público e a forma como as bailarinas dançam de forma entusiástica.
A imagem do acontecimento e o ritmo ficou memorizado nas mentes desses músicos. Ao chegarem a sala de ensaio resolveram brincar com esse determinado ritmo, acrescentando algumas notas musicais e criando uma melodia simpática. Dai surgiu a primeira marrabenta intitulada Elisa gomara saia, na qual foi apresentada na festa de “fim do ano” que foi realizada no salão da Associação dos Negros.
Segundo conta alguns elementos do grupo musical DJAMBU e segundo as histórias contadas por algumas pessoas da época que estavam nesse baile, a musica foi tão bem aceite que um determinado bailarino ao dançar este ritmo gritava “Arrebenta, Arrebenta” de forma a chamar toda a gente para a pista de dança.
Daí surgido o nome Arrebenta , Arrebenta para “Marrabenta”.  Na primeira oportunidade que surgiu e com a alguma ajuda do José Craveirinha e de outros amigos influentes o grupo Djambo teve a possibilidade de poder ir tocar ao vivo a “dita” Marrabenta na emissora Rádio Clube, (actualmente Rádio Moçambique) num programa que era dirigida aos negros de Moçambique. Segundo reza história. Foi um sucesso absoluto por todo o País no qual houve a aderência de todos os ouvintes africanos e não só. Devido à PIDE e à grande descriminação e racismo existente nessa época, a música Elisa gomara saia foi levada para Angola para ser apresentada no FESTIVAL DA CANÇÂO em PORTUGAL através do grupo angolano DUO OURO NEGRO. 
Com a fenómedo deste ritmo a nível radiofónico por todos os distritos do sul de Moçambique, surgiram várias corrente, tais como as dos maiores compositores da marrabenta Djuma Mukatsica e Emidio DJUMA MULINDE (estilo Hunsse) que se dedicavam a compor músicas para casamentos e festas populares.
Nessa época surgiu o grupo João Domingos com o GONZANA com sonoridades ligadas ao latino , Fany Pfumo que veio das minas sul africanas trazendo sonoridades misturadas com a Madjuba, o grande musico de marracuene Dilon djin dji e Manjacaziano apresentando sonoridades mais tradicionais , Xidiminguana com sonoridades em fusão com alguns ritmos sul africano e Gabriel Chiau com uma sonoridade mais urbana, além de muitos outros grupos e artistas a solo. http://www.jornaltornado.pt/wp-content/uploads/2017/05/Marrabenta-Orquestra-Djambo.jpg
Mais tarde surgiram muitos nomes que revolucionaram a Marrabenta fundindo-a com influências que cada um possuía no seu intimo, tais como : Wazimbo, Abdul Razaque(silio Paulino) Kácimo Davide, Coca Cola, Abdala Mubaraca, Alexandre Langa, Alberto Mutcheka, Pedro Bem, Duo Sera, Hortencio Langa, Jose Mucavel, Jaimito, etc.
Após a Independência surgiu a famosa Orquestra Marrabenta que reuniu os grandes músicos daquela geração, músicos de craveiras diferentes que agarraram na Marrabenta e a fundiram com ritmos tradicionais.  
Actualmente a nova geração numa época de Globalização vai recuperando os sucessos do passado, dando-lhes novas roupagens sonoras de forma que possa chegar a outras fronteiras, além de criar novas formas de marrabenta em fusão com ritmos internacionais e Nacionais.http://www.conexaolusofona.org/wp-content/uploads/2017/06/capa.jpg
Actualmente a nova geração numa época de Globalização vai recuperando os sucessos do passado, dando-lhes novas roupagens sonóras de forma que possa chegar a outras fronteiras, além de criar novas formas de marrabenta em fusão com ritmos internacionais e Nacionais..

Influências estrangeiras
A Marrabenta é um fenómeno de migração sonora das zonas rurais para as cidades. Diz que o Xigogogwane foi um instrumento com base no qual muitos instrumentistas dessa criação musical iniciaram as suas carreiras em Gaza.
A adopção de novos elementos musicais por parte das comunidades rurais resulta do processo da aculturação em que os músicos mesclavam o seu canto e as suas melodias e ritmos tradicionais com os sons dos instrumentos assimilados. Por exemplo, a assimilação da guitarra no campo proporcionou aos cantores novas formas de expressão artística na criação da Majikha e da sua dança.
Hortênsio Langa, compositor e intérprete da música “Lirhandzo”, afirma que “com a migração das populações das zonas rurais do sul de Moçambique para as grandes cidades em busca de oportunidades de trabalho ou para cumprir o ‘Xibalo’ (regime de trabalho forçado através do qual a administração colonial fornecia mão-de-obra barata aos colonos de grandes propriedades), nas décadas de 1940/50, as canções, os ritmos e formas de tocar dos músicos oriundos daquelas regiões fundiram-se com as práticas musicais urbanas”.
A gravação de algumas composições do género Majikha, sobretudo por parte dos moçambicanos que migraram para a África do Sul, foi o factor que contribuiu para a sua difusão. De uma ou de outra forma, a Marrabenta é um género musical que sofreu e sofre a influência da música estrangeira (em particular sul-africana).
Músicos como Young Issufo, Jazz Band, João Domingos, Orquestra Djambo, Conjunto Harmonia, cuja produção musical têm tonalidades de blues, jazz, swing, rumba e samba. Essas bandas usam já instrumentos de sopro, muito típicos na época, dando a impressão desejada  estar diante de uma música de marcha militar, onde se sente muito o rufar dos tambores e a secção de sopro que era dominante.
Esta expressão cultural que é a mescla de ritmos tradicionais moçambicanos com elementos da música ocidental, continua em constante transformação.  Ritmos e culturas se transformaram e continuam se transformando com o passar do tempo influenciando novas tendências.

Rota da Marrabenta é um documentário em curta-metragem sobre a trajectória deste que é o património cultural imaterial do país, que já graceja de grande curiosidade global.  É cada vez maior o número de estrangeiros que viajam a Moçambique para prestigiar um evento cujo intento maior é a sua valorização, um festival conhecido como o Comboio da Marrabenta.
  1. Dança Tamadune

É uma dança feminina. Os homens apenas participam como instrumentistas. A esta dança foi atribuído o nome de tamadune em honra de uma mulher makhonde, co-fundadora do grupo cultural, que era assim chamada.
É praticada por ocasião da recepção dos recém-iniciados, rapazes ou raparigas, e também em dias festivos. Não possui nenhum traje específico e, para a sua execução, as dançarinas formam um círculo, destacando-se duas a duas para o meio da roda.
Usa-se, como instrumentos, seis batuques: um ntodje, três makuti e dois três magoma. As canções entoadas evocam alguns acontecimentos importantes da comunidade e factos ligados à Luta de Libertação Nacional, como é o caso do Massacre de Mueda.

  1. Jogos Tradicionais
  1. Matacuzana
Matacuzana (variações: mathakosane, mathokosana, matacosana, thokusana) é um jogo tradicional moçambicano muito popular nas zonas rurais do país.
Bem antes da chegada dos vídeo jogos, dos vários tipos de gadgets electónicos, dos telemóveis, matraquilhos e outros. Quando era possível ter grandes momentos de diversão com recursos simples disponíveis na natureza, nós jogávamos matacuzana.
Com doze sementes de canhueiro, um limão pequeno, e uma “cova” mais um pouco de habilidade era possível passar horas e horas brincando com amigos. E eu ensinarei a vocês como é o jogo usando material alternativo que com certeza vai ser fácil encontrar.

1 – Material:

  • Um bola de golf ou outra qualquer com tamanho similar (para substituir o limão);
  • 12 pequenos pedaços de tijolo, azulejo ou mesmo pequenas pedras (para substituir as sementes);
  • Um marcador, caneta de feltro ou qualquer outra coisa que te ajude a marcar o chão.
2 – Preparar o jogo
  • Faça um círculo no chão (equivalente a duas vezes o diâmetro da mão de uma pessoa adulta);
  • Junte as pedrinhas no meio do círculo:
  • Segure a bola na mão direita – obviamente esquerda para os canhotos

3 – Como jogar?
  • Atire a bola para o alto e retire uma pedra para fora do círculo com a mesma mão antes que esta receba a bola que jogou no ar.
  • Enquanto a bola estiver no ar você irá tirar uma pedrinha e segurar na bola antes que ela toque o chão.
  • Repita o processo até que todas as bolas estejam fora do círculo.
  • Agora devolva as bolas uma a uma para dentro do círculo da mesma forma que as tirou.
  • Ao completar essa ronda, você passa para o próximo nível.
  • No nível seguinte você irá tirar e devolver duas pedras de cada vez, e a cada nível você aumenta o número até ao nível 12, onde o jogo termina.
  • Em jogos de dupla vence quem terminar o nível 12 primeiro.
*Você pode aumentar o número de pedras assim como o diâmetro do círculo até onde desejar.
Regras 
  • Caso a bola caia, você terá que começar tudo de novo ou deixar o adversário jogar.
  • Se você perder depois do primeiro nível, começará sempre do início do nível onde se encontra.
  • Você não pode movimentar (tirar e devolver) menos e nem mais bolas do que as do nível em que se encontra, caso o faça, você perdem.
  • Em jogos de dupla vocês podem negociar o que fazer sempre que a bola ficar na linha do círculo.

  1. Mata

«Mata» é um jogo de equipa, para raparigas. Formam-se 2 equipas de número variável.
Material
Uma bola pequena ou um “ringue” de borracha.
O jogo realiza-se ao ar livre, na praia p. ex., sendo delimitado um rectângulo no terreno, que é depois dividido ao meio. As equipas dispõem-se, cada uma, no seu meio campo.
Desenrolar do jogo
A equipa que inicia o jogo, procura acertar com o “ringue” na jogadora adversária, que se esquiva sem sair de dentro dos limites do rectângulo. No caso do “ringue” acertar na jogadora e cair ao chão, considera-se que foi “morta” e a jogadora passa para trás da linha de fundo, do lado oposto ao da sua equipa. No caso da jogadora alvejada conseguir agarrar o “ringue”, pode então tentar «matar» uma jogadora no campo adversário. As jogadoras “mortas” podem também agarrar o “ringue” (sempre que este atravessar a linha de fundo) e neste caso terão de o lançar para as suas parceiras, que terão de o agarrar no ar para rapidamente tentar «matar» mais alguma adversária. Sempre que o “ringue” cair ao chão o jogo é interrompido e passa a jogar a equipa adversária.
O jogo termina quando uma das equipas conseguir «matar» todos os elementos da equipa adversária.







Conclusão
No presente trabalho, constata-se que a dança tradicional Marrabenta teve a sua origem em Lourenço Marques nos finais dos anos 30 com os artistas Fany Mpfumo e Dilon Djindji, e com o decorrer do tempo foi desenvolvendo através das influências de outras danças, sendo ela uma das danças mais abrangentes em termos de albergar o maior número de danças. Tamadune, é uma dança que é praticada com mais fluência pelos makhonde, e é praticada por ocasião da recepção dos recém-iniciados, rapazes ou raparigas, e também em dias festivos.
Percebe-se também que os jogos tradicionais matacuzana e mata, são geralmente praticados pelas meninas na fase de adolescência e que representam um grande valor cultural para o país, sendo eles parte do património cultural do nosso país. Destaca-se como importância dos jogos tradicionais a edificação da unidade nacional, sustentando que o facto de todas províncias participarem nos mesmos, representa um verdadeiro exercício da moçambicanidade através da cultura e tradição de cada região.

Bibliografia
Internet
https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$marrabenta

Comentários

Mensagens populares